18 janeiro 2017

"E-liminado!"


Bom dia, meu povo. Hoje volto a escrever minhas baboseiras aqui no blog, já que em 2016 o blog fracassado e mal cuidado site pegou um vírus e me obrigou a postar apenas na página. Não sei relatar o problema, muito menos como foi resolvido. Ambos se deram "do nada".

Descubra.

Pois bem, vou explicar o que aconteceu ontem em Jundiaí:

Paulista e Chapecoense se enfrentaram pelas quartas de final da Copinha e é provável que o Jayme Cintra não visse tanta gente desde a única vez em que o time da cidade disputou a Libertadores. Estádio lotado, clima de jogo maravilhoso, tudo lindo, Era o time da região contra o clube mais abraçado do país. Jogo histórico para o lugar, mesmo sendo sub-20.

Ao final, vitória do Paulista, classificado para as semifinais do torneio de base mais visado no país (sim, mais que o Brasileiro sub-20, pelo motivo óbvio de ser disputado durante as férias do profissional). E a torcida, feliz e satisfeita, gritou um sonoro "Eliminado" pra honrosa e guerreira equipe da Chape, o suficiente para alguns inevitáveis surtos de espanto politicamente corretos.

Quantas milhões de outras vezes você já ouviu esse tipo de grito em estádio? Em alguma delas, achou algo absurdo?

A resposta da primeira pergunta varia de acordo com a memória de cada um. Mas a da segunda é óbvia.

"Ah, seu insensível, mas o caso da Chapecoense é diferente".

Sim, Madre Tereza de Twittá. E por isso, logo em seguida, a mesma torcida cantou "Vamo vamo Chape". Acontece que quando o juiz apita e a bola rola, há algo em disputa. E o que a Chapecoense menos precisa pra se reerguer é ser a café-com-leite da galera.

Fique triste, lamente, chore por ela. Mas quando a bola rolar, enxergue-a de frente, de igual pra igual. Não de cima, não com pena. Abrace-a fora do campo, mas empurre-a numa dividida dentro dele. Torça pro zagueiro furar, pro atacante tremer na frente de seu goleiro. Sacaneie-a quando vencer.

É assim contra qualquer outro, então por que não com ela?

A vida segue e ninguém precisa se fingir de triste quando seu time derrotá-la. Ela continua sendo uma adversária normal e isso não muda em nada os sentimentos e o respeito pelas vítimas do acidente.

A vida do Paulista, na Copinha, também continua. Pode enfrentar o Botafogo na semi. Passando, tem a chance de bater de frente com Corinthians ou Flamengo, talvez. No Pacaembu lotado, em dia de feriado na capital, com transmissão em TV aberta, pro Brasil inteiro ver. É um feito incrível.

A equipe de Jundiaí, pouco acostumada com títulos, vai construindo uma história que pode se eternizar. E no apito final de uma das batalhas, ainda queriam que os torcedores medissem suas palavras ao comemorar.

Fosse eu torcedor do Paulista, gritaria até ficar rouco. Mostraria o alívio, a sensação do dever cumprido e da vitória difícil.

Fosse eu torcedor ou jogador do Verdão do Oeste numa derrota, ia preferir ver a torcida adversária feliz, satisfeita e me zoando ao me vencer num jogo difícil, o que no esporte é infinitamente mais respeitoso que o silêncio de quem teria apenas feito a obrigação.

Não sei vocês, mas quando eu era criança, odiava ser o café-com-leite nas brincadeiras dos mais velhos por falta de altura, força ou experiência.

A Chape não é criança e mostrou ter condições de encarar qualquer um. Se tem dúvidas, pergunte ao são-paulino.

Ajude, respeite, aplauda. Mas tá liberado torcer pro seu time também.

Se você é Figueira, Avaí ou Criciúma e não simpatiza com ela por questões de rivalidade, pode ficar feliz com a eliminação. Vá na rua e zoe seu amigo. Isso não muda os pêsames e nem esconde o louvável desempenho dessa guerreira equipe sub-20 que também escreveu uma história bacana.

Pode sacanear, irmão! Hoje, a Chapecoense precisa disso. Mais do que qualquer outro.

Parabéns, Paulista.

E adeus, eliminados. Vão pra casa.

Segue o jogo...

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Imagem do post: Sergio Barzaghi/Gazeta Press