21 abril 2015

Respeite. Em campo


Foi pênalti? Não. Influenciou no resultado? Sim. Mas trata-se da mesma arbitragem pífia cujo erro garantiu o título para o Flamengo ano passado.

O problema não é o Vasco ter sido favorecido domingo, nem o gol do Márcio Araújo. Lamentável é o protagonismo no pós-jogo de uma decisão entre Fla e Vasco estar no sopro do apito pelo segundo ano consecutivo.

Não, não estava planejado "roubar" para o Rubro-Negro em 2014. Assim como nada estava premeditado para o Cruzmaltino esse ano, mesmo com tantas coincidências. Se estivesse, no mínimo, Jonas seria expulso na primeira partida.

Não há notas oficiais nem documentos que me provem o contrário, sendo assim, prefiro manter esta crença. Pois no dia em que perdê-la, toda minha empolgação com o futebol tomará o mesmo rumo da Portuguesa de Desportos.

Não se fala mais em futebol quando Flamengo e Vasco se enfrentam. Os assuntos são as lembranças de "roubos", as ameaças e as previsões de quando irão "roubar" novamente.

Assim, bendita seja a poça da Taça Guanabara, que deu a única história pura e sem bastidores do confronto no Campeonato.

Mas quebrarei a regra. Falarei de futebol.

O Vasco mereceu a classificação.

Por quê? Porque foi melhor nos dois jogos. Enquanto o adversário estava pilhado e se preocupando com a arbitragem antes mesmo dela errar, ele estava buscando apenas correr atrás da vantagem rubro-negra.

O Flamengo, por causa de uma contratação, pensou ter montado um timaço, tendo como base atuações contra Cabofriense, Boavista e Bonsucesso, e que sua superioridade ao rival era enorme. Entrou pro chutão, pro contra-ataque e para garantir o que já lhe parecia estar certo. E nada é mais irritante que o pensamento de que "só a arbitragem pode nos tirar".

Ela tirou. Mas o Vasco também.

Veja o VT do confronto entre as equipes no Amazonas, em janeiro. Note a inércia rubro-negra e a evolução vascaíno. A equipe de Doriva olha pra frente desde a pré-temporada. Com este comandante, há futuro.

O Fla estagnou e busca na correria a salvação de todas as jogadas. Tendo que correr atrás do resultado, as chances desta tática funcionar despencam.

Já o Vasco, que depois de um acesso vergonhoso, não animava qualquer vascaíno para a temporada, já é outro e merece, sim, respeito.

Mas respeite o Vasco de branco, que joga bola, cresce a cada jogo e acabou com o jejum eliminando o rival quando este era favorito. Esqueça aquele vasco barrigudo, do charuto - e da letra minúscula -, que não dá qualquer certeza sobre o futuro da instituição nas mesmas mãos que já a levaram para fundo do poço.

O Vasco da Gama não venceu a partida nos bastidores. Caso eu esteja errado, os vascaínos seriam os que mais deveriam se preocupar.

Erros de lado, venceu quem soube jogar o jogo que lhe era proposto desde o início.

O Flamengo, no outro domingo, veio para uma luta de MMA. Neste, para jogar futebol americano.

O Vasco jogou xadrez. Nos dois.

O xeque-mate vale mais que um touchdown. E muito mais que um nocaute.

@_LeoLealC

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