29 novembro 2013

É deles, é nosso, é tri


Dia 21 de agosto de 2013. O Flamengo enfrentava o Cruzeiro em Minas e era massacrado. A Raposa vencia por 1 x 0 e perdia a oportunidade, depois de tantas chances desperdiçadas, de ampliar, golear e garantir a classificação ali. Até que Éverton Ribeiro faz o gol mais lindo do ano (dane-se a FIFA!), abre 2 x 0, inflama o Mineirão e começa, enfim, a enterrar a chance do Rubro-Negro salvar o ano.

Até que Dedé falha, Moreno manda na trave e Carlos Eduardo, sim, ele, manda pra rede. Ali o Fla diminuía o prejuízo e via, de longe, uma luz.

Mesmo precisando só de um gol, o time e a torcida já buscavam se conformar com a provável eliminação para o líder do Brasileiro na semana seguinte. Seria algo normal, nenhum vexame, porém 2013, até então, chegava ao fim.

Era o fim da única perspectiva de que a temporada não fosse a prevista no ínicio do ano. Eles não queriam só não cair.

Mas num Maracanã lotado, quando eles, os da arquibancada chamam a responsa e carregam nas costas, o cenário muda. E no fim de uma noite apoteótica, Elias, que estava machucado e foi jogar no sacrifício, deu a classificação e fez milhões de corações acreditarem que sim, era possível.

Era o começo, talvez, da reviravolta. A expectativa, mesmo que ainda pequena, agora existia.

E basta um pingo de esperança para que o ar respirado pelo Rubro-Negro seja diferente.

Aí no meio do caminho, o cara que trouxeram pra arrumar a casa abandona o barco e deixa a galera sem rumo. Ele não sabia, mas era parte do roteiro. O rumo estava sendo traçado ali.

Eis que assume o comando um sujeito pacato, simples, que mais do que qualquer um ali, sabe o que é ser Flamengo.

Então surge a combinação Flamengo, Torcida, Maracanã, interino e desconfiança. Ops, tem algo errado aí.

Ou certo.

A história continuou sendo escrita, mas naquela circunstância o final já estava anunciado. Pois a partir dali, estava ordenado pelos Deuses do Futebol de que esse caneco não poderia ficar fora da Gávea.

E eles, mais uma vez, fizeram questão de caprichar.

Chega a final. No primeiro jogo, o volante que o antigo treinador descartou de seus planos acerta um chute canino e dá bela vantagem ao Fla.

Chega o segundo jogo. Gol do Elias, de novo. Ele mesmo, abraçado pela Nação, recém-aliviado com o fim do risco que viveu seu filho. Herói.

Num supramundano capricho, o Flamengo era campeão em cima daqueles que fizeram o antigo comandante pular fora.

E numa excentricidade monumental, o último tento, último lance, último toque, a última página deste conto irretocável havia de ser escrita pelo rapaz que mais deu ápices de alegria àqueles alucinados apaixonados, num passo gigantesco à subida do folclore para a idolatria.

Hernane, bateu, brocou, acabou.


Enfim, chegava o momento que estava escrito, assinado e autenticado. Não tinha jeito, era deles.

Deles... del.. de... N... Nos... Nosso!

Desculpem-me, escapou. É mais forte que eu.

O time começou pensando em não cair no Brasileiro e talvez conseguir algo na Copa do Brasil.

Não caiu.

Para conseguir "algo", era preciso que deixassem chegar.

Porque "se deixar chegar"...

Pois é, deixaram. E eles chegaram.

Vencer, vencer, vencer.

Uma vez Flamengo, três vezes Flamengo, Flamengo até morrer.

@_LeoLealC

26 novembro 2013

Por amor, pelo milagre, pelo Vasco



O dicionário diz: Fidelidade em honrar seus compromissos, lealdade, garantia. Excesso de confiança em algo ou alguém. Crença nos dogmas de uma religião.

Quem tem, a usa como válvula de escape para a consciência. Quem não a carrega, tende a cair na desilusão e no desânimo que a racionalidade sugerir.

Fé. Diz o ditado que remove montanhas.

O pobre racional não vai acreditar nunca que um time com Cris, Abuda, Edmílson, Alessandro e Jhon Cley vá conseguir um milagre em três rodadas e sair dessa.

Se existisse algum vascaíno no qual a razão falasse mais alto que o sentimento, este já teria jogado a toalha.

Sorte do Vasco que sua torcida não pensa assim. Sorte dele que ela o tem como religião.

Sorte dele que ela tem fé.

O futebol permite, o Vasco permite.

E pelo Vasco, pela fé, 38 mil fieis saíram de casa num sábado chuvoso para cantarem e orarem por milhões. Eles não iam se importar com alguns pingos de chuva sabendo que podem fazer sua parte e evitar as gotas de lágrima no final.

A crença deste povo na religião cruzmaltina comove. Quando enchem a boca pra gritar "PORQUE EU TE AMO!", não é só o grito de torcida mais lindo do Brasil, é um mantra, onde o coração também fala.

Ali, diante daquele Maracanã que mais parecia uma igreja do futebol, não havia como este time, mesmo sofrível no papel, dar uma resposta negativa. Aqueles 38 mil podem e conseguem fazer 22 pernas se moverem sozinhas, é automático, contagiante.

Para o já campeão Cruzeiro, não havia nenhuma motivação que lhe fizesse ter tanta vontade de ser o mala da festa. E pra ser sincero, mesmo se tivesse, naquele Maracanã, sábado, eu tenho minhas dúvidas.

E então, depois de um sufoco inevitável no fim, o jogo acabou, a equipe cumpriu a missão e eles, os 38 mil, vibraram, se abraçaram como se tivessem ganho um título e respiraram aliviados, pelo menos no fim de semana.

Ainda está difícil, bastante. Mas a cada jogo, a cada Maraca lotado, eles mostram que podem, quase sempre sozinhos, tirar o Vasco do inferno.

Continue, vascaíno. Não pare, não pare não.

Seu amor mais antigo, seu primeiro amigo precisa e hoje depende de você, que leva a Cruz de Malta no peito desde que nasceu.

O time, no campo, talvez mereça cair.

A instituição, a religião Vasco da Gama não.

Então, futebol, não cometa mais uma de suas injustiças. Pode ser?

Não pelo time, por Dinamite, nem até pela camisa. Grandes caem em temporadas ruins, acontece.

Mas por eles. Estes sim, não merecem.

@_LeoLealC

21 novembro 2013

O gol do equilíbrio

Marcelo acertou um petardo e começou a definir o campeão da Copa do Brasil naquele instante, já no primeiro jogo.

Terminando daquela forma, o segundo confronto seria apenas a festa pra confirmar o anunciado campeão, que não, não seria o Furacão.

Afinal, com desvantagem, desacreditado, no Maraca lotado, contra um time melhor, quem tiraria a taça do Fla?

Desafiar o quase impossível, e levar a melhor sobre ele, já é tão comum na Gávea que se tornou mais óbvio do que surpresa.

Até que Amaral arranja uma bomba tão forte, porém menos provável, para dar a vantagem ao Flamengo e logo, tirá-lo da condição de favorito, trazendo o Atlético de volta pra briga.

A vantagem que conseguiu o Fla é boa, porém mínima, e vai embora com qualquer gol marcado no Maraca. No entanto, é o suficiente para que a equipe não entre em campo tendo que buscar o improvável, o que o tornaria favorito.

O Rubro-Negro não tem uma relação tão boa com a vantagem quanto tem com a desconfiança.

O empate com gol fora não lhe sugere o oba-oba, o que é ruim para o Atlético-PR, mas também não o faz buscar um milagre quarta que vem, o que é bom para o Furacão.

E por isso, só por isso, o rubro-negro do Paraná tem tantas chances de levar a taça quanto o Fla.

O golaço de Amaral veio para "salvar" o Flamengo e nivelar tudo pra semana que vem.

Agora, tudo igual.

Diretamente na Vila Capanema, inversamente no Maracanã.

@_LeoLealC

14 novembro 2013

Injustos!



Pontos corridos foram feitos para premiar a regularidade, o planejamento e o trabalho. Enfim, pra fazer justiça.

Mas onde está ela quando um time joga sozinho e não deixa os outros sonharem desde a 25ª rodada?

O Brasileirão 2013 foi chato, e a culpa é sua, Cruzeiro.

Sim, sua! Nos gramados de Minas Gerais, era certeza de vitória. Fora dali, "apenas" favorito. Não havia brecha pra alguém arriscar "hoje vai dar zebra", muito menos ousar dizer que alguém lhe tiraria essa Taça.

Tu não podias levar uma virada do Criciúma em casa, empatar com um Náutico da vida e ficar uns 5 jogos sem vencer pra dar uma pequena emoção?

Não, eles não fazem questão da história de superação, da vitória na base da camisa e do gol no último minuto do reserva caneludo. Eles vivem cheio de vaidade. Tem que ter o voleio, a letra, o passe de calcanhar, o de três dedos, o chute no ângulo.

Eles preferem tratar bem a bola, sem maltratar os corações nos quais reside. E o do cruzeirense já estava tranquilo há 2 meses.

De lá pra cá, ele viu lá de cima os mortais brigarem feitos loucos pelo G4 e contra a degola, porque o caneco já era dele.

Enquanto isso, os outros olhavam pro alto, viam o céu, também azul, também estrelado, e tinham mais certeza a cada rodada de que estavam diante do inalcançável.

E quando a bola já estava cansada de nos avisar a cada jogo de que o verde e o amarelo ganhariam um toque celeste, a chata da matemática, enfim, garantiu.

Existe um grande clube na cidade. Existe um campeão no Brasil.

Que já sabíamos há 2 meses.

Chato, soberbo, injusto. Melhor. Pois na realidade é o verdadeiro campeão.

Vida longa ao Cruzeiro.

Tão combatido, jamais vencido.

@_LeoLealC

11 novembro 2013

Mas...

Só na base da torcida, da garra e na camisa que há chances do limitadíssimo time do Vasco conseguir seu objetivo. Inevitável e invariavelmente, no sufoco.

Por isso, ontem "conseguiu". Mas depois do alívio com o gol de empate e a euforia com o anúncio do gol do Corinthians, o vascaíno que parou pra analisar, lamentou o resultado, que sim, foi ruim.

O Vasco agora tem Grêmio e Corinthians, fora, enquanto o Fluminense pega Náutico e São Paulo, em casa. A probabilidade do Tricolor obter resultados melhores é grande. Assim, não há tanto o que festejar.

Sim, o time pode bater o Grêmio e o Flu pode vacilar contra o lanterna. Complicado, porém possível. Mas entre ganhar do Santos diante de 60 mil vascaínos e vencer o Grêmio no Sul, o Vasco perdeu a chance mais "fácil".

Agora são 5 jogos: uma moleza e 4 pedreiras, 3 delas fora de casa.

Acho difícil que consiga 10 dos 15 pontos restantes e chegue aos sonhados 47, mas dá pra escapar com menos do que isso. E danem-se os matemáticos!

Mesmo assim, diante de uma linda festa da Torcida, o Vasco perdeu uma maravilhosa oportunidade de respirar e ficar a duas posições da degola.

Por ontem, o placar resolveu o problema. Mas pelo o que vem pela frente, o aumentou ainda mais.

Tudo bem, vascaíno, solte o grito e celebre que enfim, o time saiu da zona, Afinal, ontem, vocês conseguiram.

Mas comemore isso, apenas isso, não o empate.

Porque o resultado, acredite, foi péssimo.

@_LeoLealC

04 novembro 2013

#50mil


O Vasco já deixou claro que sozinho não vai escapar. A qualidade da equipe ordena que, caso haja salvação, ela não virá apenas no campo.

Sábado, ele estava com sangue nos olhos, vontade, um pouco de sorte e o mais importante: acompanhado de quem precisa.

Foram 6500 na arquibancada. Pouco, se tratando de Vasco, mas satisfatório e suficiente, considerando um jogo longe da capital, num estádio pequeno.

Semana que vem é no Maracanã, provavelmente com ingresso a 10 reais. A única coisa que poderia impedir a casa cheia seria a sensação de "já era", que uma derrota pro Coxa ocasionaria.

Não, não há esse sentimento. Até mesmo se perdesse, talvez, ele ainda não chegaria. O que há é a esperança, ainda mais aflorada com a derrota do concorrente direto. Então a obrigação dos vascaínos é entupir o Maraca de gente e tirar o Vasco dessa furada.

E fique tranquilo, Vascão, eles dão conta do recado.

Faltam 6 batalhas, e para que o Gigante não saia morto desta guerra, seu exército precisa ser grande.

Então encha o Maraca, vascaíno. O Vasco precisa de você mais do que nunca.

Ele tem todas as condições de sair dessa, mas se estiver sozinho, a chance de salvação é consideravelmente menor.

Vá apoiar, não vaiar. Pois assim, você irá consequentemente aplaudir no final, acredite.

Esteja junto, leve-o nas costas, no peito, na alma, salve o Vasco.

Porque se você fizer sua parte, ele faz a dele.

Alô, Torcida do Vascão, 50 mil domingo é obrigação!

@_LeoLealC